terça-feira, 10 de novembro de 2009

Limão seco

Estudei um pouco de Diderot, uma pitada de Rosseau, abordei Racine, tive curiosidade acerca de Artaud, não gostei de Meyrohld nem de Brecht, como qualquer adolescente que o leia adorei Nietzsche… graças a estes e a mais alguns entes essenciais ao teatro, mais o impressionismo e a segunda guerra mundial que para mim são as fases mais apaixonantes da história, posso dizer que não me deixei vitimizar por este mundo imediato, em que, ao que me parece, um dos objectivos principais, é retirarem-nos o poder da retórica, e a fluência da linguagem portuguesa, acima de tudo… Tive a sorte de ter bons tutores na escola de teatro, e de arrecadar comigo uma boa bagagem de cultura, no entanto, só nestes últimos três meses já perdi grande parte da minha habitual desenvoltura escrita… Sinto que a televisão, as marcas, o capitalismo etc, me atrofiam o cérebro, dou por mim a “espremer um limão sem sumo”!
Amanhã quero-me me meter dentro de uma livraria para procurar mais referências, e quero frisar bem que não é intenção minha dar uma de “intlectualóide”… Preciso de reter informação! Isto não é vida para ninguém! Acordar todos os dias a desejar um palco ou um Set de gravação, e dar por mim a precisar de juntar dinheiro, e a entregar curriculums em tudo o que é sítio por necessidade maior, nas entrevistas recebo um “Depois ligamos” e…NADA! Não quero nem sequer descrever como tem sido quanto às tentativas no show bisness! Não vale a pena… Tanta gente com sonhos, tanta gente que diz aspirante a actor ou cantor, um mundo de cunhas e favores, um mundo em que se diz ser preciso talento, mas definitivamente isso não chega, e a formação também não… Factor sorte, caminhos abertos, bem explorados… Quem não está dentro dificilmente entra. Sonhos! Sonhos! Sonhos! Três vezes como no Shakespeare, mas os sonhos não me dão independência, não ajudam a minha mãe que se esfola a trabalhar para me sustentar! É esta a realidade...soa mal mas é... Estou plenamente consciente que estará aí algures o meu lugar ao sol, que seria de mim se não me restasse pelo menos um fiozinho de esperança... Este discurso soa-me tanto a clichet, mas é este o meu cenário, o meu palco neste momento: o desemprego... Continuarei a explorar o meu mundo, e é mesmo assim, umas vezes acredita-se outras vezes nem por isso... Estou a desacreditar um pouco neste preciso momento, não vejo luz nenhuma ao fim do túnel (ok, outro clichet!)... Enfim...

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